sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Folha destaca a história de Leo Brouwer


(Folha de S.Paulo, Ilustrada, 21/10/2011)

Leo Brouwer abre festival em São Paulo

Compositor cubano de violão erudito será homenageado regendo concerto com a Orquestra Sinfônica Municipal

Repertório inclui peças em homenagem a Italo Calvino e ao navio Granma; evento vai até o dia 30 de outubro


Ao fim do ensaio com a Orquestra Sinfônica Municipal, na última terça, o compositor cubano Leo Brouwer explicou aos músicos: "Esta peça é baseada em um romance do Italo Calvino. Faz três anos que compus e adoro".
A peça -"Cidades Invisíveis"- será apresentada hoje, às 21h, no Theatro Municipal de São Paulo. Abre a terceira edição do Festival Internacional de Violão Leo Brouwer, que vai até o dia 30.
Além de Brouwer -tido, aos 72 anos, como o maior compositor de violão erudito da atualidade-, o evento trará os virtuoses Manuel Barrueco (Cuba) e Shin-ichi Fukuda (Japão).
Haverá apresentações em Londrina, Maringá e no Rio (a programação está em www.festivalleobrouwer.com.br).

Autor da trilha de "Como Água Para Chocolate" (1992), Brouwer deve o sucesso, em parte, a uma situação adversa. Em 1983, se viu obrigado a abandonar a carreira de violonista clássico devido a uma lesão crônica na mão direita.
Mergulhou de cabeça na composição, que pratica diariamente, desde as 6h da manhã. Fez peças a partir de livros de Alejo Carpentier ("O Reino deste Mundo") e Jorge Luís Borges ("O Aleph").
Também se inspirou em telas de Goya, Francis Bacon e Bosch. "O extramusical me interessa mais", conta. Diz jamais usar o violão para testar o efeito de uma melodia: "Você acaba enganado, porque tudo nele soa belo".
No concerto de hoje, Brouwer também toca "Canción de Gesta", obra em homenagem ao Granma -navio que levou 82 revolucionários do México a Cuba, em 1956.
"Granma" é também o nome do jornal oficial do partido comunista cubano.
Ele vê a situação do país com bons olhos: "Houve um tempo em que o músico precisava se explicar ao sair. Hoje, as dificuldades são dos países que nos recebem". Quatro anos atrás, seu pai faleceu nos EUA. Brouwer teve visto negado pelo governo Bush. "Não quero mais entrar lá", diz.

OSM E LEO BROUWER
QUANDO hoje, às 21h
ONDE Theatro Municipal de São Paulo (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, tel. 0/xx/11/3397-0327)
QUANTO de R$ 15 a R$ 50
CLASSIFICAÇÃO livre