quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Leo Brouwer: Sonata de los Viajeros, por Eduardo Fernández

A obra tem quatro movimentos e explora ao máximo as possibilidades virtuosísticas de um duo de
violões. Brouwer usa motivos recorrentes que unificam toda a obra. O primeiro movimento,
“Primer Viaje a Tierras Heladas”, parece ser uma resposta de Brouwer à “Sinfonia Pastoral” de
Beethoven, expressando (após uma breve introdução) os sentimentos despertados pela nova
paisagem.

Não se trata de um programa, mas de um princípio orientador que inclui o espanto diante de uma
paisagem desconhecida. Em algumas passagens os violões atuam de forma independente,
sobrepondo ostinatos com passagens cadenciais. O segundo movimento começa com uma
introdução, “El Retablo de las Maravillas”, que funciona como uma ponte do primeiro para o
segundo movimento, “La Venus de Praxiteles”, que apresenta não só um retrato musical da
famosa escultura, mas a reação dos espectadores diante de sua inacessível beleza.

Como esses viajantes também se movem no tempo, uma brusca mudança de cena e já nos
encontramos no terceiro movimento, “Visita a Bach em Leipzig”, um scherzo vivaz e bem humorado
com citações do Prelúdio BWV999 – com o qual interagem os visitantes. Por fim, “Por
el Mar de las Antillas” começa com uma guajira (canto dos camponeses de Cuba) que vai se
construindo pouco a pouco e lentamente desemboca numa sonoridade em que ambos os
elementos se sucedem para retornar às passagens do primeiro movimento e finalizar com uma
autocitação do Concerto nº2.